Um grupo técnico dos projetos europeus Rehabilite e Promobiomasse visita num empreendimento de Sarriguren (Comarca de Pamplona) uma atuação de prova com o objetivo de ir substituindo redes convencionais de gás pelo fornecimento de energias renováveis.
A sociedade pública do Governo da Navarra, Nasuvinsa, começou a dar os primeiros passos efetivos no seu parque público de habitação para ir substituindo as caldeiras convencionais de gás por instalações abastecidas por biomassa florestal, uma fonte emergente como uma alternativa de energia renovável e de origem local na geração de calor no âmbito residencial. A sociedade pública de habitação do Governo da Navarra mostrou esta manhã a primeira caldeira de biomassa num dos seus empreendimentos de habitação para arrendar de Sarriguren, cuja instalação recebeu a visita de um grupo de técnicos dos projetos europeus Rehabilite e Promobiomasse.
A instalação de engenharia consistiu na colocação de uma nova caldeira de 300 kW como sistema de geração de energia através de combustível de aparas, que abastecerá a 51 fogos de dois edifícios de habitação de arrendamento acessível localizados na Avenida Reino de Navarra de Sarriguren. Esta geradora funcionará como caldeira principal e manterá as outras duas anteriores de gás apenas como apoio pontual para picos de procura.
Trata-se de uma experiência piloto que servirá à Nasuvinsa para testar o funcionamento das caldeiras de biomassa no parque residencial próprio e estender posteriormente o uso deste tipo de instalações, sobretudo nos novos empreendimentos do mais de meio milhar de habitações para arrendamento que começaram já a ser construídos no âmbito do plano Navarra Social Housing, assim como para promover a sua aplicação entre o parque residencial privado.
Para a realização desta primeira prova, a Nasuvinsa adquiriu um primeiro lote de aparas para a sua combustão na caldeira, muito embora no futuro, o fornecimento da matéria-prima de biomassa será proveniente da massa florestal gerida pelo Governo da Navarra –aproximadamente 10% dos mais de 650.000 hectares de floresta de que dispõe a Comunidade Foral-, através de um acordo que a sociedade pública da habitação está a ultimar com a Gestión Ambiental de Navarra (GAN).
A visita realizada esta manhã enquadrou-se na celebração na Navarra do segundo comité técnico do Promobiomasse, projeto de cooperação transnacional liderado pela Nasuvinsa, que entre hoje e amanhã reúne no seu escritório, meia centena de peritos provenientes da França, Espanha e Portugal. Após a primeira visita realizada em Pamplona, os técnicos irão amanhã ao Vale de Ultzama e à localidade de Bera para conhecer, por sua vez, várias redes locais de calor que utilizam biomassa florestal para aquecimento e fornecimento de água quente de edifícios públicos.
Aposta da Navarra em fontes alternativas
Estas atuações respondem à aposta que, no contexto de uma viragem das políticas de habitação para um urbanismo mais social e sustentável, a sociedade pública Nasuvinsa e a sua agência do território e da sustentabilidade Lursarea realizaram na utilização da biomassa florestal como fonte alternativa no parque residencial. A utilização da biomassa florestal como fonte energética oferece vantagens significativas porque se trata de energia renovável e sustentável na sua produção, que contribui para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a carbonização das cidades e a dependência do exterior. Também traz consigo outros proveitos mais próximos como a valorização dos recursos locais da extensa massa florestal da Navarra, a redução do risco de incêndios ou a criação de emprego em zonas rurais que sofrem o problema do despovoamento.
Noutra iniciativa da Nasuvinsa imediatamente anterior, a próxima adjudicação da construção e exploração da Central de Calor da Txantrea, alimentada por biomassa, permitirá dispor de uma infraestrutura com capacidade para chegar a alimentar as redes de calor de mais de 4.000 fogos deste bairro de Pamplona, assim como uma parte de Burlada e Ansoáin.
A visita à experiência piloto num empreendimento de habitação pública de Sarriguren, guiada pela técnica da Nasuvinsa Maitane Zazu, foi precedida esta manhã por várias sessões dos grupos técnicos do Promobiomasse, que trabalham para dar solução aos problemas que se apresentam no campo da exploração, logística e procura da biomassa, tais como as dificuldades de acesso às massas florestais e de armazenamento, os métodos de exploração pouco eficientes ou o desconhecimento desta forma de energia por parte dos potenciais clientes públicos e privados.
Centrais de Larraintzar e Bera
Para além da visita a Sarriguren, os peritos conheceram hoje outra boa prática relativa a uma instalação de logística de biomassa localizada na localidade de Navalmoral de la Mata, na província de Cáceres, exposta nas jornadas pelo gerente da empresa Extremadura Verde. Para amanhã estão previstas as visitas às redes locais de calor (districtheating) em Ultzama e Bera.
No caso de Ultzama, através de uma caldeira de aparas e outra de pellets localizadas em Larraintzar, dá-se serviço à escola pública comarcal, ao Centro Cívico, ao Centro de Saúde, à Câmara Municipal, à sede da Mancomunidade de Serviços Sociais e à água da piscina municipal na época. O sistema é abastecido com lenha de faia local, cerca de 1.200 toneladas por ano. Em Bera, quatro caldeiras de gasóleo foram substituídas em 2014 por duas caldeiras de biomassa que proporcionam água quente e aquecimento a cinco edifícios municipais, que perfazem 8.000 m2: três escolas, uma creche e um pavilhão desportivo. A mudança significou uma poupança de entre 10.000 e 30.000 euros por ano, consoante o preço do gasóleo.
A Nasuvinsa, através da agência navarra do território e da sustentabilidade Lursarea, lidera o projeto europeu PromobiomasseSUDOE para o desenvolvimento de um modelo integrado de gestão sustentável da biomassa florestal em circuito curto, aplicável às zonas de montanha do sudoeste da Europa. Na Comunidade Foral, o projeto visa principalmente a promoção do uso da biomassa florestal das florestas navarras nos sistemas de aquecimento do parque de habitação e edifícios dedicados, inicialmente de titularidade pública, com a previsão de extensão da fórmula ao setor privado. O orçamento total do projeto é de 1,4 milhões de euros, dos quais o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder) contribui com um milhão.
Juntamente com a Nasuvinsa, são parceiros do projeto o Centre Tecnològic Forestal de Catalunya, a Agencia Extremeña de la Energía, a agência ENERAREA do norte de Portugal, a Communauté de Communes du Plateau de Lannemezando departamento francês de Hautes-Pyrénées e a Association des Communes Forestières des Pyrénées Atlantiques (COFOR64) dos Pirenéus Atlânticos, para além de 19 entidades associadas.